sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Poupe sem correr risco e sem aplicar na poupança


Como é bom quando abrimos uma caderneta de poupança. Sinal de que estamos organizados com nossas finanças e o dinheiro guardado terá um fim muito especial. Mas porque a caderneta de poupança? porque ela é a aplicação que oferece o menor risco, ou seja, você não terá perda. A grande vilã das aplicações financeiras continua sendo a bolsa de valores, com promessas de altos rendimentos mas com muitos riscos de perda. Mas não são somente essas opções. Saiba que existem outras aplicações financeiras que oferecem bons rendimentos sem que você tenha que correr grandes riscos.

Existem vários tipos de aplicações financeiras que poder ser oferecidas pelos bancos para você ter um ganho maior sem ter que se expor a risco. Segundo Ernesto Leme, sócio responsável pela área de Gestão de Patrimônio da Claritas Investimentos, o ideal é que cada investidor tenha na carteira seis classes de ativos. A renda fixa pós-fixada – onde se enquadram poupança, CDB-DI e fundos DI – e renda variável – como ações e fundos de ações – são apenas duas delas.

Indica-se ainda que o aplicador deve também aplicar em renda fixa ligada a inflação, credito privado, renda pré-fixada e fundos multimercados. Conheça esses tipos de aplicação:

Renda fixa ligada à inflação

Tesouro Direto: Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-B): Garantidos pelo Tesouro Nacional, os títulos públicos vendidos diretamente ao investidor pelo Tesouro Direto são as aplicações com o risco de calote mais baixo do Brasil. Você empresta dinheiro para o governo em troca de juros, com a vantagem de poder aplicar qualquer quantia a partir de 30 reais ou o equivalente a 10% do valor de um título, o que for menor. Todos os títulos do Tesouro Direto são bastante rentáveis, sendo o mais conservador deles a Letra Financeira do Tesouro (LFT), cuja remuneração flutua ao sabor da taxa básica de juros, a Selic. Ela é ainda mais segura e rentável que a poupança. No entanto, a NTN-B, que tem um nível de risco um pouco maior, é um título bastante interessante, especialmente para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria.
Ela paga um juro acima da inflação – atualmente as remunerações estão em torno de 6% ao ano mais IPCA – o que significa que ela protege o investimento contra a alta de preços. O ideal, porém, é que o investidor não venda seu título antes do vencimento, uma vez que em cenários com perspectiva de alta na Selic, as NTN-Bs podem se desvalorizar no curto prazo. Dessa forma, o investidor poderia perder de dinheiro. Mas se ficar com a NTN-B até o fim do prazo, o investidor recebe exatamente a rentabilidade prometida.

Crédito privado

Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA): Esses dois papéis são relativamente novos no mercado e se assemelham muito aos Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Porém, contam com a vantagem de serem isentos de imposto de renda, o que possibilita rendimentos maiores que a poupança e muitos CDBs de bancos grandes. As LCIs são emitidas por bancos que querem captar recursos especificamente para financiar empreendimentos imobiliários. As LCAs, por sua vez, são usadas pelos bancos para captar recursos para financiar o agronegócio. Ambos os papéis têm garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso significa que se o banco emissor quebrar, o investidor recebe de volta tanto o principal investido quanto o rendimento. Porém, o limite de cobertura é de 250 mil reais por CPF, por instituição. É fundamental não ultrapassar esse valor, principalmente se o emissor for um banco de médio porte. Assim, se você investir em poupança, LCI e tiver conta corrente em um banco, o total desses depósitos não deve ultrapassar 250 mil reais.
Dentro do limite do FGC, portanto, as LCIs e LCAs são tão seguras quanto a poupança, mesmo quando emitidas por bancos médios. Mas se o banco for à lona, o investidor vai perder tudo que tiver investido, porventura, acima desse valor. LCIs e LCAs também têm problemas de disponibilidade e liquidez. Nem sempre os bancos têm papéis disponíveis em seu estoque, e muitas vezes não é possível resgatar os recursos antes do vencimento sem alguma perda na rentabilidade.
Outro problema desses títulos de renda fixa privada é o valor do aporte, geralmente alto. No Banco do Brasil, que é o mais tradicional emissor de LCA do país, o investimento mínimo nesse produto é de 30 mil reais, e está disponível apenas para os clientes do segmento Estilo (alta renda). A LCI da Caixa, a mais tradicional do mercado, tem aplicação mínima de 50 mil reais.
Existem, contudo, algumas maneiras de driblar estes problemas. Algumas corretoras conseguem oferecer LCIs e LCAs de diversos bancos, exigindo volumes menores. E alguns bancos médios também oferecem aplicações que exigem aportes reduzidos. É o caso do Sofisa Direto, cuja LCI não exige aporte mínimo e paga 91% ou 92% do CDI, na modalidade pós-fixada, e entre 9,30% e 9,85% ao ano na modalidade pré-fixada.

CDBs de bancos médios: Muitos bancos médios conseguem oferecer CDBs que pagam 100% do CDI com liquidez diária, isto é, podendo ser resgatado a qualquer momento. A taxa de juros CDI, praticada nos empréstimos entre bancos, costuma aproximar-se da Selic. Alguns bancos médios oferecem CDBs que pagam até mais que 100% do CDI, desde que o investidor fique alguns meses ou até anos sem resgatar a aplicação. Trata-se de um rendimento superior ao da poupança e ao dos CDBs de grandes bancos. Além disso, esta rentabilidade ainda ganha da inflação. Contudo, além de uma eventual carência, os CDBs de bancos médios podem ser arriscados, caso a saúde financeira do banco não seja boa. Por isso é fundamental que o investidor não ultrapasse o limite de cobertura do FGC, de 250 mil reais por banco, por CPF.

Fundos de crédito privado: Fundos de crédito privado costumam render mais que a poupança e ganhar da inflação por meio do investimento em papéis de renda fixa emitidos por bancos e empresas. Trata-se de CDBs, LCIs, LCAs e principalmente debêntures, entre outros títulos a que o investidor pessoa física jamais teria acesso para aplicar diretamente. Embora um bom fundo de crédito privado costume exigir aportes na faixa de algumas dezenas de milhares de reais, eles são uma boa forma de diversificar a parcela da carteira dedicada a esta classe de ativo.
Em vez de investir 30 mil reais em uma única LCA, o investidor pode aplicar numa série de ativos diferentes por meio de um fundo. “O fundo de crédito privado traz seu nível de risco explícito no regulamento. Por exemplo, ele pode dizer que investe apenas em títulos de crédito de rating A, de ótima qualidade. Para uma faixa de 30 mil reais, as taxas de administração são baixas, de 0,75% a 0,80% ao ano, e a rentabilidade fica em torno de 107% do CDI, antes de IR. É muito melhor que a poupança”, explica Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos.
Embora os fundos de crédito privado corram risco de levar calote das empresas cujos títulos compõem sua carteira, a concentração em cada tipo de ativo é baixa – de 2% a 3% da carteira, segundo Bittencourt. Isso significa que, caso o fundo fique sem receber de alguma empresa, o impacto no valor da cota será limitado e facilmente recuperável.

Renda fixa pré-fixada

Tesouro Direto: Letras do Tesouro Nacional (LTN): Outro título do Tesouro Direto que pode trazer uma rentabilidade superior à poupança com um risco de calote irrisório é a Letra do Tesouro Nacional (LTN). Ela paga um juro pré-fixado, isto é, o investidor já sabe exatamente quanto vai ganhar ao término da aplicação. Atualmente, as LTNs estão pagando em torno de 12% ao ano. A NTN-F – uma opção semelhante, porém de prazo mais longo – paga um pouco mais de 12% ao ano.
As LTNs têm dois riscos principais: um é perder da inflação, se houver um repique de preços – mas pela inflação atual, que gira em torno de 6% ao ano, isso não é problema. O outro é o mesmo risco da NTN-B de fazer o investidor perder dinheiro caso ele decida vendê-la antes do fim do prazo. Ele pode ter perda do rendimento e de parte do principal caso a taxa de juros tenha perspectiva de alta. Por isso, o ideal é carregá-la até o término do prazo, para garantir a rentabilidade acordada no ato da compra.

Fundos multimercados

Fundos multimercados sem renda variável: Há inúmeros tipos de fundos multimercados. Alguns são tão tranquilos quanto a renda fixa conservadora, e outros podem chegar a ser mais arriscados que ações, fazendo os cotistas perderem uma quantia maior do que a que investiram. Os fundos multimercados de menor volatilidade – isto é, cujas cotas costumam oscilar menos – são aqueles que não investem em renda variável. Eles costumam operar títulos públicos, juros futuros e câmbio, obtendo uma rentabilidade líquida próxima ou um pouco superior à taxa de juros CDI. Segundo Paulo Bittencourt, a taxa de administração razoável para esse tipo de fundo é de 1% ao ano. Ao escolher, o investidor deve ficar atento se o gestor vem batendo consistentemente seu índice de referência, o chamando benchmark, que nesse caso geralmente é o CDI.

Fundos de fundos multimercados: Uma forma de diversificar com fundos multimercados é por meio do investimento em fundos que investem em cinco ou seis fundos desse tipo. Desse modo, o risco de investir em um eventual fundo mais arriscado fica bastante diluído.

 

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