Você sabe de onde vem o dinheiro para os gastos com a Copa 2014?

O grande motivador dos protestos ocorridos pelo país tem sido o volume exorbitante de dinheiro gasto com as obras da Copa do Mundo de 2014 e os impactos econômicos de tais gastos. Estão previstos gastos na ordem de R$ 28,1 bilhões, que comparados com os gastos da Africa do Sul ( R$ 7,7 bilhões) e Japão (R$ 10,1 bilhões), parece que o valor é mais do que exorbitante, é surreal!

Os gastos no Brasil serão divididos em: R$ 7,5 bilhões serão gastos em estádios; R$ 8,9 bilhões em obras de mobilidade urbana; R$ 8,4 bilhões em aeroportos e R$ 1,9 bilhão em segurança. O restante será investido em desenvolvimento turístico, portos e telecomunicações. Ou seja, são 327 projetos que vão desde obras de infraestrutura básica, como aeroportos e corredores exclusivos para ônibus, até gastos diretamente ligados ao torneio de futebol. É claro que boa parte desses gastos ficarão para a população como os governantes falam, mas será que se não fosse pela copa esses investimentos seriam feitos? Provavelmente não.

Claro que os gastos precisam ser sim contestados, mesmo que em alguns casos não haja exagero, irregularidades ou superfaturamento. Comparando que a Arena do Grêmio custou um pouco mais de R$ 600 milhões para ser construída do zero e o estádio de Brasilia foi reformado por um pouco mais de R$ 1 bilhão pela mesma construtora, é ponto de atenção. Ainda mais que terão que fazer muitos shows em Brasilia para que seja recuperado o investimento, uma vez que não há times de tradição para lotar os 71 mil lugares. Teriam algum motivo para pensar que há desvios?

O Ministério Público esta investigando as estruturas temporárias que tem sido utilizada nas redondezas dos estádios para abrigar centros de credenciamentos, receber o pessoal da FIFA, entre outros. Fala-se que os gastos em alguns estados estão na casa das dezenas de milhares de reais, o que é completamente abusivo.

Mas quem paga essa conta? R$ 8,7 bilhões está sendo financiado por bancos federais - Caixa Econômica Federal, BNDES e BNB (Banco do Nordeste do Brasil) com linhas de crédito a juros subsidiados, tomados em sua maioria por governos estaduais, que pagarão o banco com dinheiro público, por mais que a presidenta Dilma garantiu que nem um centavo do orçamento foi usado em estádios. Os estádios ainda contam com isenções fiscais garantidas pelo programa Recopa (desoneração de impostos como IPI, PIS/ Pasep e Cofins, além de tarifas de importação, na aquisição de equipamentos e contratação de serviços para a construção de estádios do mundial). As obras da Matriz de Responsabilidade da Copa também consumirão R$ 6,5 bilhões do orçamento federal e R$ 7,3 bilhões de governos locais (estaduais e municipais). Dos R$ 28,1 bilhões, apenas R$ 5,6 bilhões serão recursos privados (que se concentram principalmente nos aeroportos).

E como os governos recuperarão o dinheiro investido? Os estádios serão entregues para exploração pelo setor privado, que pagarão os empréstimos com retornos que obtiverem com jogos e uso das estruturas em shows e grandes eventos. Claro que, os estádios construídos em capitais menos populosas irão ficar com a administração dos próprios Estados, pois não terão interesse da iniciativa privada, uma vez que tendem a ser pouco rentáveis no longo prazo.

Quem ganha muito com a copa é a Fifa, com seus majestosos contratos de transmissão de jogos,de marketing e com os patrocinadores. Ela tem seis patrocinadores fixos (Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony e Visa) e contratos exclusivos para a Copa (no caso do Brasil, já são 14). Sem falar que não pagam impostos no Brasil e em qualquer outro país que sedia o mundial. Por fim, mantém convênios com hotéis dos quais cobraria uma porcentagem sobre a hospedagem - em um esquema cujos efeitos sobre os preços estariam sendo analisados pelo MP.